Abordagem clínica para tratar lesões cervicais não cariosas: Com e sem sensibilidade

November 27, 2024

Lesões cervicais não cariosas (LCNC) nada mais são do que lesões na região cervical (próximo a gengiva) onde há perda de estrutura mineral sem o envolvimento de bactérias, ou seja, é uma lesão nos tecidos duros, mas não é cárie.  LCNC é  o tipo de doença não cariosa mais prevalente, na grande maioria das vezes associada a hipersensibilidade dentinária.


Alguns fatores de risco estão associados, como por exemplo mecanismos de tensão, biocorrosão e abrasão, bruxismo em vigília, trincas verticais e micro trincas cervicais, esmalte cervical vulnerável e  interferências oclusais durante a desoclusão. 

Ao longo dos anos muitas pessoas já receberam a informação que estas lesões eram causadas pelo tipo da escova de dentes e da força empregada na escovação, porém atualmente sabemos que o nylon, mesmo submetido a muita pressão na escovação, não é capaz de promover o desgaste sozinho. A escova dura e a força na escovação são problemas secundários, eles apenas removem o mineral que já está “solto” na região. Mas o que faz esse mineral se desprender da superfície dos nossos dentes? Aqui o maior problema está nos hábitos do hospedeiro e estilo de vida. Como por exemplo, alimentação ácida, baixa qualidade salivar, bruxismo... tudo isso irá promover erosão, corrosão, micro trincas na região cervical, e posteriormente esse mineral “solto” será removido pela ação da escova.

Os Sinais clínicos de LCNC são desgastes aparentes na região cervical, que pode ocorrer em esmalte, dentina ou ambos, com ou sem retração gengival, podendo ou não apresentar hipersensibilidade dentinária. 

Em relação aos tratamentos:

  •   Precisamos partir em busca das causas destas lesões: são resultado de bruxismo? biocorrosão? Interferências oclusais? Esmalte vulnerável? Isso por que de nada adianta o tratamento se não interferirmos na causa. Não há restauração ou enxerto que dure se a causa não for removida. A identificação da causa e medidas para o seu controle são parte do tratamento. Além disso, podemos pensar em tratamentos reabilitadores com resina composta e/ou cerâmica, associados ou não a enxertos de tecido gengival para recuperar as estruturas que foram perdidas.  Caso o paciente apresentar um quadro de hipersensibilidade dentinária, esta precisa ser tratada primeiro. 
  • Em relação a reabilitação das áreas, uma questão óbvia que nem sempre é respeitada é: onde se perdeu dente, devemos substituir por materiais que visam substituir tecido duro, como resinas ou cerâmicas. Já onde há retração gengival e perda de tecido mole, um enxerto é indicado. Porém em vários casos vemos restaurações sobre estendidas em regiões que deveriam ser ocupadas por gengiva, em uma tentativa de recuperar áreas acometidas por lesões não cariosas. Precisamos pensar que a recuperação do tecido mole perdido também é fundamental, e pode evitar a progressão da lesão, já que além de recuperar o que foi perdido, o enxerto ainda melhora o perfil gengival, tornando-o mais espesso e reduzindo as chances de novas recessões. É preciso enfatizar que LCNC não tratadas podem causar danos pulpares, quadros de hipersensibilidade dentinária, trincas e fraturas, portanto necessitam de tratamento. 

Além disso, sempre ter em mente que lesões cervicais não cariosas incompatíveis com a idade cronológica do paciente é um dos sinais de envelhecimento precoce das estruturas bucais. Exige investigação profunda e ajuste de hábitos e estilo de vida para tentar frear esse processo que causa alterações importantes e às vezes irreversíveis nos dentes e estruturas adjacentes, e que tem sido cada vez mais frequente em pacientes cada vez mais jovens. 

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