Evoluções das indicações para extração dentária ao longo dos anos

December 18, 2024

Na antiguidade, as extrações dentárias eram realizadas de maneira muito rudimentar e sem anestesia, com o único objetivo de aliviar dores intensas ou eliminar dentes comprometidos. Foi nos séculos XVIII e XIX que a extração de dentes se tornou mais frequente, especialmente com a evolução da medicina e o início do uso de anestésicos locais, em uma época em que o conceito de conservação dentária ainda não era difundido.

No século XX, com a evolução das técnicas odontológicas e o surgimento de radiografias e outras tecnologias, as extrações começaram a ser mais criteriosas. O princípio da conservação dentária foi sendo mais valorizado, embora a extração ainda fosse vista como uma solução para muitos problemas dentários, já que ainda existiam limitações em exames, técnicas e materiais. As extrações eram muitas vezes indicadas para dentes com cáries extensas, infecções, doenças periodontais ou dentes impactados.

Com o avanço dos tratamentos das doenças dentárias, esse cenário começou a mudar. Os tratamentos de canal e a melhoria das técnicas de restauração (como resinas compostas e coroas) contribuíram para a redução das extrações. Os dentes poderiam ser preservados por mais tempo, mesmo em situações críticas. O uso de aparelhos ortodônticos também foi responsável pela diminuição das extrações, principalmente em casos de correção de maloclusões. Hoje, em muitos casos, é possível realizar a movimentação dentária sem a necessidade de extrações.

Houve uma mudança de paradigmas, e a filosofia odontológica foi transformada. A ideia de preservar o dente natural se tornou mais importante. As extrações passaram a ser vistas como última opção, com a preservação do dente sendo priorizada sempre que possível, através de tratamentos como restaurações, próteses e endodontia.

A busca por preservar os dentes naturais trouxe consigo uma mudança significativa nas indicações de extrações. A evolução dos materiais dentários e das novas tecnologias permitiu que dentes comprometidos fossem restaurados em vez de extraídos.

Na odontologia contemporânea, extrações são indicadas, principalmente, para casos em que o dente está severamente comprometido por doenças como cáries ou periodontite, e não há mais possibilidade de tratamento. Até mesmo as extrações de dentes do siso, que até pouco tempo atrás eram rotineiras, atualmente são mais criteriosas e baseadas em fatores como falta de espaço na arcada dentária, infecções recorrentes e dentes impactados, por exemplo.

Há também um cuidado maior com extrações em pacientes com problemas sistêmicos. Atualmente, este procedimento é cuidadosamente avaliado e, quando realmente necessário, realizado da maneira mais controlada possível.

O impacto das novas tecnologias também desempenha um papel fundamental na redução das indicações de extrações dentárias. O uso de tecnologias de imagem como a tomografia computadorizada e radiografias digitais ajuda a diagnosticar com mais precisão a necessidade de extração, permitindo que decisões mais informadas sejam tomadas. Além disso, técnicas minimamente invasivas tornaram a extração dentária um procedimento menos traumático.

Considerações éticas e psicossociais também passaram a ser levadas em conta. Atualmente, o paciente é adequadamente informado sobre todos os riscos e benefícios de uma extração, tornando a decisão mais consciente. O impacto psicológico das extrações também foi considerado, especialmente nos casos que envolvem estética e dentes permanentes.

Na pediatria, as extrações também começaram a ser mais controversas, pois há a necessidade de preservar os dentes decíduos até o momento adequado para a erupção dos dentes permanentes. Em alguns casos, no entanto, a extração de dentes decíduos é indicada para facilitar a erupção dos dentes permanentes. Até na geriatria houve uma grande redução de extrações. Hoje, extrações em idosos são indicadas onde a condição de saúde dental é mais grave, e a reabilitação com próteses é recomendada.

As tendências para a odontologia nos próximos anos podem incluir o uso mais difundido de biotecnologia, tratamentos regenerativos (como a regeneração de tecidos dentários danificados) e técnicas de preservação ainda mais sofisticadas. A inteligência artificial poderá contribuir para diagnósticos mais precisos e decisões em relação à extração ou preservação dos dentes.

A evolução das indicações de extrações dentárias reflete não apenas o avanço técnico da odontologia, mas também uma mudança nas atitudes em relação à saúde oral. O foco tem se deslocado da remoção de dentes para a conservação e reabilitação dos dentes naturais, fazendo com que as extrações sejam cada vez mais criteriosas, de acordo com a condição clínica e a real necessidade do paciente.

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