Biomimética é um assunto cada vez mais em voga no meio odontológico, pelo qual eu, rotineiramente, externalizo publicamente o meu fascínio. Aproximadamente 6 anos atrás, conheci o termo e, por curiosidade, iniciei meus estudos, que nunca mais pararam. Desde então, venho me aprofundando cada dia mais e aplicando seus conceitos na minha rotina clínica.
O conceito de Biomimética pode ser aplicado em várias áreas. Ele foi introduzido ao mundo na década de 50, representando uma ciência que estuda a natureza e aplica suas estratégias e soluções em projetos de várias áreas, como a medicina, a arquitetura, a engenharia, a agronomia, a biologia e também a odontologia. O termo "biomimético" deriva do grego, onde "bios" significa "vida" e "mimetikos" significa "imitativo".
Na Odontologia Biomimética, são estabelecidos princípios e conceitos relacionados à preservação da estrutura natural dental, como a redução de estresse e protocolos de maximização da adesão, utilizando materiais e técnicas que conferem às restaurações propriedades o mais próximo possível de um dente íntegro, como, por exemplo, sistemas adesivos modernos, resinas e fibras que mantêm as características e as propriedades dos tecidos dentais. O objetivo é devolver ao dente sua estética, resistência e função.
“Alguns dos conceitos que promovem a odontologia biomimética incluem a conservação da polpa dentária, reparo ou eliminação de defeitos dentais, remoção da patologia dental, salvando, fortalecendo e deixando intacta a estrutura do dente, e atrasando o ciclo de retratamento” (ALLEMAN; MATTHEW, 2017, p. 64).
Com o propósito de criar materiais e técnicas que imitem o natural, a biomimética analisa a formação, a estrutura e a função de substâncias e materiais produzidos biologicamente, para que cumpram um princípio básico: restaurar todas as funções dos dentes com maior proximidade possível ao natural.
De acordo com Alleman et al. (2017), a Odontologia Biomimética é fundamentada em alguns padrões que são divididos em dois grupos: protocolos de redução de estresse e protocolos de maximização de adesão.
O primeiro diz respeito a técnicas que reduzem o estresse do elemento dentário, através do uso indireto ou semidireto de restaurações para substituição do esmalte, redução da espessura do incremento das resinas, incorporação de fibras de reforço em restaurações, técnicas de polimerização de início lento ou ativadas por pulsos, utilização de resinas com baixa contração e adequado módulo de elasticidade (12-20 GPa) para substituição de dentina. Ainda inclui a utilização de materiais resinosos duais na restauração de câmaras pulpares em dentes não vitais, remoção de trincas dentinárias em um raio de 2 mm da junção dentino-esmalte, recobrimento de cúspides finas (menores que 2 mm), a verticalização das forças oclusais, redução do estresse residual das cúspides, que leva à formação de lacunas, trincas, dor, sensibilidade e cáries recorrentes.
O segundo grupo inclui condutas para maximizar a adesão, como a zona livre de cárie ao redor da cavidade, sem exposição pulpar; reparo de restaurações de resina aplicando técnicas de modificação de superfície (abrasão de ar, silano, etc.); biselamento do esmalte; desativação das metaloproteinases da matriz (com clorexidina 2%); utilização de sistemas de adesão em dentina padrão ouro; e o uso do selamento imediato de dentina, que pode aumentar a resistência de ligação em até 400%. Uma adesão forte e segura permite um selamento marginal de longo prazo, favorecendo a manutenção da vitalidade da polpa. Além disso, a restauração manterá sua função de longo prazo sem cáries recorrentes, fraturas dentárias ou necrose da polpa. O revestimento da dentina com resina e o selamento imediato da mesma usando uma resina fluida ou de baixa viscosidade, assim como a elevação das margens subgengivais para uma posição supragengival, também contribuem para maior resistência de união.
Dentre todas as formas de atingir a força máxima de adesão e reduzir o estresse de polimerização na camada híbrida, melhorando a adesão em dentina, conseguimos tornar a ligação entre o material restaurador e o elemento dentário forte o suficiente para que o dente biomimeticamente restaurado funcione e disperse tensões funcionais como um dente natural intacto.
Técnicas e termos usados na Biomimética:
A Biomimética na odontologia está ganhando cada vez mais espaço, visto que se dedica a entender como a estrutura dental se comporta na sua natureza e desenvolve técnicas e materiais que imitam os dentes naturais. Para profissionais que prezam pela integridade máxima dos dentes naturais, a Biomimética é um universo a ser explorado.