Traumas dentários são mais comuns do que se imagina. Um tombo, uma batida durante o esporte, um acidente doméstico ou de trânsito… tudo isso pode causar impactos nos dentes que vão muito além do que os olhos conseguem ver. E quando esse trauma não é tratado corretamente — ou, pior ainda, é ignorado — as consequências podem ser silenciosas, progressivas e bastante graves.
Neste artigo, vou te mostrar o que pode acontecer com um dente que sofreu um trauma e não recebeu os cuidados adequados, para que você entenda a importância de procurar um profissional o quanto antes nesses casos.
Nem toda fratura dentária é visível. Às vezes, o dente parece intacto, mas a estrutura interna foi comprometida, um exemplo clássicos são as fraturas de raíz. Com o tempo, essas microfraturas podem se propagar, causar dor, sensibilidade, infiltração bacteriana, necessidade de tratamento de canal e até levar à perda dentária.
Um dos desfechos mais comuns de traumas não tratados é a necrose da polpa dentária — ou seja, a "morte" da parte viva do dente. Quando ocorre necrose pulpar o dente pode não doer (pelo menos por um tempo), e o paciente pode se enganar pensando que esse “silêncio clínico” é um bom sinal. Com o tempo o dente pode escurecer, perder vitalidade e se tornar um foco de infecção. Em muitos casos, é necessário tratamento de canal, e dependendo do tamanho da lesão pode ter comprometimento significativo dos tecidos ao redor e até mesmo a necessidade de extração.
A reabsorção radicular é uma consequência grave e traiçoeira. O organismo começa a ver o dente como um corpo estranho e "reabsorver" a raiz e/ou a coroa do dente, e isso pode passar despercebido até que o dente comece a apresentar mudança de coloração ( a coroa assume um aspecto rosado), mobilidade ou dor. Em estágios avançados, pode ser impossível salvá-lo.
A infecção decorrente de um trauma ignorado pode causar prejuízos para os tecidos ao redor, levando à formação de cistos, granulomas e outras lesões ósseas que exigem intervenções mais complexas — inclusive cirurgias.
Em crianças e adolescentes, o trauma em dentes de leite pode afetar o desenvolvimento dos dentes permanentes. Um fato comum é o responsável pela criança ignorar a necessidade de um tratamento de canal em um dente decíduo, por ser um dente temporário. Isso vai interferir no desenvolvimento do dente permanente, podendo gerar alterações estéticas e funcionais. . Por isso, todo trauma deve ser avaliado, independentemente da dor imediata. O impacto de hoje pode ser o problema de amanhã.
Além dos danos internos, um dente traumatizado pode sofrer escurecimento, fraturas ou alteração na posição. Isso pode afetar a estética do sorriso, a mastigação e até a fala.
Procure um dentista imediatamente. Mesmo que pareça “nada demais”, só um exame clínico detalhado e, muitas vezes, um exame de imagem como radiografias e tomografias podem revelar o que realmente aconteceu. Quanto mais rápido for o diagnóstico, maiores as chances de salvar o dente de forma conservadora. .
Cada dente conta uma história, e às vezes, o trauma sofrido ali carrega memórias de sustos, dores e momentos difíceis. Tratar esse dente com atenção e respeito é também cuidar da pessoa como um todo: física, emocional e esteticamente.
Se você ou alguém próximo sofreu um trauma e ainda não foi ao dentista, essa é a hora. Não espere os sinais aparecerem, porque quando eles surgem, muitas vezes o problema já avançou.