A osteoporose é uma condição caracterizada pela diminuição da densidade óssea e pelo aumento da fragilidade dos ossos, o que resulta em maior risco de fraturas. Ela afeta principalmente pessoas idosas, sendo mais prevalente em mulheres após a menopausa, mas também pode afetar homens, especialmente com o envelhecimento. A relação entre osteoporose e saúde bucal é um tema de crescente interesse, pois a fragilidade óssea pode impactar diretamente na saúde bucal e principalmente no desfecho de tratamentos cirúrgicos e reabilitadores.
A osteoporose pode afetar tanto a maxila quanto a mandíbula, que são responsáveis pelo suporte dos dentes. A perda de densidade óssea pode resultar em comprometimento da estrutura óssea bucal, com consequências para a saúde dental.
1. Perda óssea alveolar: O osso alveolar, que sustenta os dentes, pode enfraquecer devido à osteoporose, aumentando o risco de perda dentária. Esse enfraquecimento pode ser mais acentuado em indivíduos com osteoporose avançada.
2. Doenças periodontais: Pacientes com osteoporose podem estar mais suscetíveis a doenças periodontais, como a gengivite e a periodontite, que, por sua vez, podem agravar a perda óssea e contribuir para a perda de dentes. A conexão entre a inflamação sistêmica causada pela osteoporose e a saúde periodontal é uma área importante de investigação.
3. Dificuldades na cicatrização após procedimentos dentários: Pacientes com osteoporose podem apresentar uma recuperação mais lenta após extrações dentárias ou outros procedimentos invasivos, devido à diminuição da densidade óssea e da capacidade de regeneração óssea.
4. Fraturas mandibulares: Em casos graves de osteoporose, a mandíbula pode ficar fragilizada, aumentando o risco de fraturas, especialmente em situações de trauma ou durante a remoção de dentes.
Ainda assim, os maiores prejuízos em relação à saúde bucal em pacientes com osteoporose estão nas medicações usadas para tratar a doença. Alguns dos principais fármacos utilizados no tratamento da osteoporose incluem os bisfosfonatos, os moduladores seletivos dos receptores de estrogênio (SERM), o denosumabe e a terapia com hormônios.
Cada um desses medicamentos pode trazer algum tipo prejuízo a saúde bucal:
1. Bisfosfonatos: São amplamente utilizados no tratamento da osteoporose, pois ajudam a prevenir a reabsorção óssea e aumentam a densidade óssea. No entanto, eles estão associados a um risco significativo de uma complicação grave chamada osteonecrose da mandíbula (ONM). Essa condição envolve a morte do tecido ósseo na mandíbula, frequentemente após extrações dentárias ou outros procedimentos invasivos como implantes, podendo resultar em dor, infecção e fraturas. O risco de osteonecrose aumenta com o uso prolongado de bisfosfonatos, especialmente em pacientes que realizam procedimentos dentários invasivos sem uma avaliação cuidadosa.
2. Denosumabe: Outro medicamento utilizado para tratar a osteoporose é o denosumabe, que atua inibindo a atividade dos osteoclastos (células responsáveis pela reabsorção óssea). Embora eficaz na redução da perda óssea, o uso de denosumabe também está associado ao risco de osteonecrose, especialmente após extrações dentárias. Além disso, o efeito do denosumabe na cicatrização óssea pode dificultar a recuperação após procedimentos dentários.
3. Terapia com estrogênio: Em mulheres pós-menopausa, a reposição hormonal com estrogênio pode ser indicada para tratar a osteoporose. Embora o estrogênio possa contribuir para a saúde óssea, ele também pode aumentar o risco de doenças gengivais e periodontais.
4. Moduladores seletivos dos receptores de estrogênio (SERM): Como o raloxifeno, um medicamento usado para tratar a osteoporose em mulheres, pode afetar a saúde óssea de maneira semelhante ao estrogênio, podendo também estar relacionado ao aumento da suscetibilidade a doenças periodontais, embora a evidência para isso seja mais limitada.
Dado o impacto potencial da osteoporose e de seus tratamentos na saúde bucal, é essencial que os dentistas estejam atentos aos seguintes cuidados:
1. Avaliação pré-tratamento: Antes de realizar qualquer procedimento invasivo, como extrações dentárias ou implantes, os dentistas devem revisar o histórico médico do paciente, especialmente em relação ao uso de bisfosfonatos e outros medicamentos para osteoporose.
2. Monitoramento da saúde periodontal: Pacientes com osteoporose devem ser monitorados regularmente para sinais de doenças gengivais e periodontais. Cuidados preventivos, como a limpeza dental profissional e orientações sobre a higiene oral, são essenciais para minimizar os riscos.
3. Cuidado com a cicatrização: A cicatrização óssea pode ser mais lenta em pacientes com osteoporose, o que exige um acompanhamento mais rigoroso após procedimentos dentários invasivos.
4. Discussão sobre os efeitos dos medicamentos: É importante que os pacientes recebam orientações sobre os potenciais efeitos adversos dos medicamentos usados no tratamento da osteoporose, incluindo o risco de osteonecrose. A comunicação entre o dentista e o médico responsável pelo tratamento da osteoporose é crucial para um manejo adequado.
A osteoporose tem um impacto significativo na saúde bucal, afetando a estrutura óssea da maxila e mandíbula, aumentando o risco de doenças periodontais e complicações após procedimentos dentários. O uso de medicações para o tratamento da osteoporose, como bisfosfonatos e denosumabe, pode agravar esses problemas, principalmente devido ao risco de osteonecrose. Portanto, é essencial que dentistas e médicos trabalhem de forma integrada para garantir o manejo adequado dos pacientes com osteoporose, promovendo tanto a saúde óssea quanto a saúde bucal. A prevenção, o diagnóstico precoce e o tratamento adequado das condições bucais podem melhorar significativamente a qualidade de vida desses pacientes.
.png){kind=small}
