QUAIS PONTOS PRECISO TER ATENÇÃO AO ATENDER UMA LACTANTE?

November 6, 2024

O período de amamentação é um momento muito importante tanto para a mãe quanto para o bebê. Já sabemos que o leite materno não é somente alimento; ele carrega uma série de células e substâncias cruciais para o desenvolvimento adequado do sistema imunológico e neurológico do bebê. Especialmente para a odontologia, a amamentação é fundamental para o correto crescimento dos ossos da face e para uma respiração adequada. Além disso, ainda é um fator de proteção contra cáries. É importante que a amamentação exclusiva seja mantida até os 6 meses. Mas, após esse período, ainda é de suma importância que a criança continue sendo amamentada por, no mínimo, 2 anos, podendo continuar mamando após esse período até quando a mãe e o bebê acharem necessário. Não existe uma idade fixa para a criança parar de mamar. Amamentar por mais tempo não causa dependência na criança, muito menos cáries ou problemas oclusais; pelo contrário, é muito benéfico tanto para a criança quanto para a mãe.

Para a mãe que amamenta, o risco de câncer de mama reduz cerca de 4,3% a 6% a cada 12 meses de amamentação. Além disso, há também uma redução nos riscos de câncer de ovário e endométrio. Mas precisamos lembrar que essas lactantes precisam de atenção em relação à sua saúde bucal, já que esse é um período de muita doação da mãe para o bebê. Para podermos incentivar a amamentação por mais tempo, precisamos oferecer suporte, atendimento adequado e orientações corretas.

Em um passado não muito distante, mães que estavam amamentando eram orientadas a suspender a amamentação devido a alguns tratamentos que precisavam realizar, incluindo tratamentos odontológicos. Eu mesma já ouvi histórias do tipo: “Precisei parar de amamentar meu filho porque precisei tratar um canal.” Isso está totalmente errado. Jamais uma mãe deve parar de amamentar seu bebê para realizar tratamentos odontológicos. Infelizmente, ainda existe muita desinformação e muitos profissionais despreparados para atender lactantes. O atendimento a lactantes é seguro e necessário, e a grande maioria dos procedimentos pode ser realizada sem problemas; apenas precisamos estar atentos a alguns fatores, já que algumas substâncias e medicações podem passar pelo leite materno e serem prejudiciais ao bebê.

Apesar das referências bibliográficas sobre o uso seguro ou não de substâncias durante a amamentação, é importante individualizar cada caso. É necessário levar em conta a idade do bebê, as características farmacológicas da droga, as interações medicamentosas, o motivo da prescrição, o histórico do bebê, entre outros fatores. A grande maioria dos tratamentos odontológicos é permitida nesse período, como profilaxias (limpezas), exodontias (extrações), endodontias (canal), restaurações, etc., mas é sempre importante ponderar, principalmente em relação aos anestésicos usados e às medicações que eventualmente precisarão ser receitadas.

Uma das dúvidas mais recorrentes é a respeito dos anestésicos. Anestésicos como lidocaína, articaína e bupivacaína são extremamente seguros; mesmo assim, é preciso controlar a quantidade, usando sempre a menor dose possível para realizar o tratamento. A mepivacaína é um anestésico que requer atenção, especialmente se for usado de forma tópica. Medicações receitadas também precisam ser compatíveis com a amamentação. Se houver dúvidas, existem guias, como o e-lactancia.org e o manual do Ministério da Saúde de 2019, "Amamentação e uso de medicamentos e outras substâncias," que podem ser consultados para verificar a compatibilidade da medicação com o período de amamentação.

Outra dúvida muito comum entre as mães que amamentam é a respeito da aplicação da toxina botulínica: pode ou não pode? Bem, segundo o site e-lactancia, a toxina botulínica pode ser compatível com a amamentação em algumas situações. Porém, na bula da toxina, a aplicação em lactantes é contraindicada em qualquer circunstância. Alguns pediatras costumam liberar a aplicação de toxina botulínica após certa idade da criança, mas não há um consenso, muito menos estudos controlados a respeito. E, por ser um tratamento que não é essencial, a mãe pode aguardar até o final da amamentação para voltar a fazer suas aplicações.

Assim como a toxina botulínica, o clareamento dentário também é contraindicado pelo fabricante durante a amamentação. Por não termos dados suficientes sobre a segurança do produto e por ser um tratamento estético, recomenda-se aguardar o fim do período de amamentação para realizá-lo.

Ainda é importante que as consultas sejam agendadas em um horário em que a mãe esteja mais descansada e que haja alguém para ficar com o bebê. É necessário garantir um ambiente seguro para evitar a disseminação de infecções. Dar orientações claras sobre o pós-operatório e o que fazer em caso de dor ou desconforto também é fundamental. Além disso, é importantíssimo orientar sobre cuidados e higiene durante esse período, que costuma ser exaustivo, e, muitas vezes, a higiene bucal é negligenciada. Mães e bebês precisam de profissionais atualizados e que protejam a amamentação.

E você, já precisou fazer algum tratamento odontológico durante a amamentação? Recebeu alguma orientação e depois descobriu que estava equivocada? Envie para mim, vou adorar saber! Sua experiência pode ajudar outras mamães que possam estar passando por algo semelhante!

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