A dimensão vertical (DV) é um parâmetro fundamental para o equilíbrio funcional do sistema estomatognático. Ela representa a distância entre um ponto na base do nariz até outro na base do queixo. E é sustentada essencialmente pela integridade das estruturas dentárias e pela oclusão funcional..
A redução dessa dimensão, por motivos fisiológicos ou patológicos, pode desencadear uma cascata de alterações clínicas que envolvem desde o colapso oclusal até prejuízos na estética facial. O tema exige atenção crítica do cirurgião-dentista, especialmente no contexto de reabilitações extensas e tratamentos em pacientes com desgaste severo ou perdas dentárias múltiplas.
A diminuição da dimensão vertical raramente acontece de forma abrupta, exceto em casos de extrações totais de ambos os arcos, o que atualmente é bastante raro dentro da odontologia responsável. Na maioria dos casos, ela é o resultado de processos degenerativos crônicos como:
Esses fatores se combinam a alterações neuromusculares adaptativas, levando a um novo padrão de fechamento mandibular, muitas vezes patológico.
O comprometimento da DV impacta não apenas a oclusão, mas a arquitetura funcional e estética do paciente. Entre as manifestações clínicas mais recorrentes, destacam-se:
Diagnosticar a perda de DV exige abordagem clínica e funcional minuciosa, incluindo:
O restabelecimento da DV é um dos maiores desafios da reabilitação oral complexa. Envolve uma intervenção em cadeia, que precisa respeitar os limites da estética e da adaptação muscular e articular do paciente.
Os principais pilares clínicos incluem:
✔️ Enceramento diagnóstico funcional
✔️ Teste de mock-up com provisórios de longo prazo
✔️ Ajuste progressivo com reabilitação segmentada
✔️ Registro oclusal dinâmico com guias funcionais
✔️ Terapia miofuncional quando necessária
Toda reabilitação deve ser baseada no conceito de planejamento reverso, onde a estética e a função guiam as decisões protéticas, e não o contrário.
Em muitos casos, a perda da DV é subdiagnosticada ou banalizada, especialmente em pacientes idosos, edêntulos ou com queixas “estéticas”. No entanto, as consequências são cumulativas e, muitas vezes, irreversíveis quando não tratadas a tempo.
Recuperar a DV é mais do que devolver dentes bonitos: é restaurar biomecânica, estética e função. A odontologia reabilitadora moderna precisa sair do modelo meramente restaurador e abraçar uma abordagem ampla, preventiva e interdisciplinar.
Se você atende pacientes com desgaste severo, próteses antigas e colapso do terço inferior da face , não ignore a possibilidade de perda de dimensão vertical. Um bom diagnóstico vai proporcionar ao Seu paciente o tratamento correto e duradouro..
A odontologia não é só sobre dentes: é sobre função, estética e saúde global.