Você é o dentista que gostaria de ter?

May 16, 2025

Entre tantas especializações, atualizações e técnicas, às vezes me pego fazendo uma pergunta que parece simples, mas carrega um peso enorme: eu sou o tipo de dentista que eu mesma escolheria para cuidar de mim? E não estou falando da parte técnica. Estou falando de postura, escuta, presença.

O consultório, para mim, sempre foi mais do que um lugar de procedimentos. É um espaço de encontros — com histórias, medos, traumas, conquistas. Cada pessoa que senta na cadeira traz algo muito maior do que um dente quebrado ou um incômodo estético. Traz bagagem. Traz um pedido de cuidado.

E é nesse ponto que a pergunta volta com força. Porque é muito fácil cair na rotina, automatizar atendimentos, seguir protocolos. Mas será que nesse processo não estamos nos afastando da essência do que é ser um profissional da saúde?

É ético fazer um paciente se sentir apenas mais um número? É empático ignorar os sinais que ele dá com o corpo, com o olhar, com a ansiedade que transborda? Quando foi que “bom atendimento” virou sinônimo de técnica, mas não de presença e escuta?

Eu gostaria de ser atendida por alguém que me olha nos olhos enquanto eu falo. Que explica com paciência o que está acontecendo na minha boca. Que respeita meu tempo, minhas dúvidas, meus receios. Que não me reduz a um caso clínico.

Empatia, às vezes, é mais importante que excelência. E a verdade é que nenhuma resina, nenhuma lente, nenhum implante vai ser suficiente se a relação entre profissional e paciente não for construída com verdade e confiança.

Não existe diploma que ensine a sentir o outro. Mas existe a escolha diária de se lembrar por que você escolheu essa profissão. E a odontologia, quando bem vivida, é um dos atos mais belos de cuidado com o outro. A gente devolve mais do que função mastigatória — a gente devolve segurança, autoestima, alívio, dignidade.

Então, se você também é dentista, te convido a parar um minuto e se perguntar: Você é o dentista que gostaria de encontrar quando estivesse com dor? Que gostaria de ter por perto num momento difícil? Que escolheria para cuidar do seu pai, da sua mãe, do seu filho?

Se a resposta for “sim”, continue — o mundo precisa de mais profissionais assim.
Se a resposta for “não”, talvez seja hora de voltar para o começo e lembrar: antes de sermos especialistas em dentes, somos especialistas em gente.

Gostou deste conteúdo?
Gostaria de conversar conosco sobre este assunto, ou marcar uma consulta? Clique no link abaixo:
Agendar Consulta